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quinta-feira, julho 06, 2006

viva as autoridades



Durante a semana que passou tentei escrevinhar umas coisas para por aqui, mas nenhum acontecimento marcante aconteceu no tema que tentava tocar. Isto até ontem à noite.
Depois de ver a bola, mudei-me para o tasco que habitualmente frequento. Tudo muito calmo, não tivesse a nossa selecção perdido com os avecs. Para mudar a calmaria, já nos preparávamos para uma jogatina de dados, mas uma clientela inesperada não o permitiu. Sem intenções racistas, apenas para diferenciar os personagens, esta clientela era um grupo de 5 ciganos. Sentaram-se na esplanada e pediram, recusando-se a pagar a conta que já era devida de noites anteriores. Dali mudaram-se para dentro do café. A certo ponto, o dono do tasco recusou servir mais bebidas a este grupo. Como bons membros da sociedade que são, acharam-se no direito de continuar a beber sem pagar e mostraram-no bem ao atirar com um cinzeiro ao empregado (um puto com uns 20 anos que estava apenas a cumprir as ordens do patrão) que com um bom reflexo se conseguiu desviar. O irmão, tio, sobrinho, primo deste, seja lá o que lhe era, foi em socorro ao falhanço do cinzeiro e entrou dentro do balcão e começou a agrediu o empregado. A ele juntou-se outro. Com alguma ajuda do resto dos clientes, lá os separam, para se voltarem a pegar no outro lado do tasco, onde mais se juntaram na tentativa de proteger o puto, mas aumentando a confusão. O terceiro round teve início na rua, à porta do tasco, já na presença de dois agentes da autoridade que tinham sido chamados para controlar a situação. Convém referir que estes dois agentes chegaram de peito feito e cumprimentaram com aperto de mão o grupo de ciganos – certamente estaria tudo entre amigos (ai não.. ainda sobrava para eles..).
Esta terceira investida foi contra um dos que tentava por mão na situação no round anterior (pois o empregado do tasco já tinha sido “evacuado”). Os dois agentes nada conseguiram fazer. Aliás, muito pouco fizeram para travar a fúria dos ciganos. Um grupo de pessoas envolvidas numa luta de rua que contou com mais cinzeiro a voar e acabou com o pobre moço, que uns momentos antes estava descançadinho a tomar café, a necessitar de cuidados médicos, na presença de agentes sem estes tomarem uma atitude séria para impedir o desenrolar do acontecimento, é uma visão algo impressionante.
Mais uma vez a briga foi parada com ajuda das pessoas que ali estavam e não pelas autoridades. Neste ponto chega mais um carro da polícia, e dentro dele saem mais 2 guardas. Com 4 agentes presentes no local, o principal autor dos desacatos ameaça todos os presentes da seguinte maneira: “Eu mato-vos a todos, sois 30 ou 40, tanto me dá, mato-vos a todos!”. Ao qual um agente respondeu: “Deixa lá isso.. tem calma!”. Com uma resposta destas senti-me logo seguro e pensei para mim: “Ah bom.. se não fosse este agente a dominar a situação tava tudo perdido..”. Com os ânimos um pouco mais calmos, o grupo de ciganos foi aconselhado a ir para casa. Um dos agentes teve ainda o descaramento de lhes pedir por favor para se dirigirem a casa e os cumprimentar com mais um aperto de mão.

Neste momento, tava tudo de boca aberta perante tal acção. Uma grande salva de palmas era o que os agentes da autoridade tinham merecido. Uma verdadeira vergonha era o que deviam ter por tal atitude em frente a todos os que ali estavam. Quando lhes perguntamos por que razões os deixavam ir sem os apreender depois de tudo o que tinha feito, responderam que eles estavam identificados e que agora era preciso apresentar queixa. A meu ver, se o dono do tasco apresenta queixa deixará de ter tasco muito em breve, e os alvos das lutas mais cedo ou mais tarde ver-se-ão em apuros. Se qualquer um de nós tivesse causado esta cena de filme, teria sido logo apreendido e estaria a responder perante um juiz. Como não era um de nós, mas sim deles, que pelos vistos não se regem pelas mesmas leis da sociedade, podem continuar como se nada tivesse acontecido.

Isto não foi a primeira vez, certamente não será a última. Até quando vamos permitir isto? E principalmente, até que ponto podemos confiar nos agentes da autoridade, que viram sempre os olhos quando se trata com esta gente, para “nos” proteger? Depois do que vi, estou certo que nada vai mudar se tiver que se tratar com a polícia local.

Que verdadeira vergonha... muito mal e muito feio!!

4 comentários:

A tua sorte é que os ciganos não sabem ler, senão tinhas já aí uma esperinha à porta! ;)
Sim, por acaso foi das coisas estúpidas que me lembro de ter acontecido, infelizmente ou felizmente nesses dias tinha ido mais cedo para casa.
Não é uma questão de serem de étnia cigana ou não, é a passividade com que entram no café, e depois de se lhes terem negado o consumo,por razões mais que óbvias terem começado a pancadaria, o á vontade com que depois no dia seguinte voltam la, de tarde para comprar tabaco e tomar café e não voltarem a pagar e o delirio com que um deles voltou outro dia com um pau a dizer que matava este e aquele e o outro.

É triste que no dia da pancadaria, homens de chamada barba rija que são os maiores por isso e porque bebem muita cerveja, terem ficado impávidos e serenos,secalhar eu teria feito o mesmo, talvez, porque os afamados ditos cujos tem a mania de matar e fazer merda a quém quer que se lhes meta a frente.

Bonita a atitude da GNR, que no fim ainda os comprimenta como se tratassem de grandes compinchas ou colegas de jogo de sueca.

E o que resta ? Não resta nada, o Carlos (sete) fica com o prejuizo, o Simão algumas nódoas negras, o meu conterranio de Lagoaça, levou uns pontapés e murros, e nós ficamos confiantes e serenos que outro dia, outra noite, levaremos provavelmente com uma cadeira ou com um tiro no corpo e ali ficaremos porque somos obrigados a compactuar com estas atitudes perante a passividade das grandes forças de segurança que nos deixam dormir mais descansados neste bonito país que é o nosso.


Daqui e para o mundo.
Jacks
por Anonymous Anónimo, Às 1:45 da tarde  
São as autoridades que temos. Concordo plenamente que se fossemos nós tinhamos ido dentro. É que nós somos um grupo muito perigoso, sempre em desacatos. Eu não estava lá e não vi esta triste cena. Já me tinham falado mais ou menos como tinha sido, mas não como esta descrição tua de quem viveu estes tristes acontecimentos.
por Anonymous Anónimo, Às 10:08 da tarde  
Pois infelizmente é o que temos!! Mas não deveria ser. Este tipo de gente aproveita-se do abuso de confiança que se lhes é permitido e enquanto alguém não lhes fizer frente, não vão parar. Por norma, fazer-lhes frente viria no topo da lista dos afazeres dos tais agentes. Mas acontece que não estão para se meter em confusões. É bem melhor estar de bem para com todos e não arranjar confusões, ainda que sendo esse um risco da profissão que juraram cumprir. O que podemos fazer? Há alguns anos atrás, foi a população que se uniu e lhes fez ver que não estavam para mais abusos. Na altura, resultou e eles não apareceram durante anos. Agora terá de ser igual? Era bom que não tivesse de ser.. mas se ficarmos à espera que a autoridade tome medidas, poderemos acabar mal...

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